ARTIGO
A inclusão, o professor e o aluno
Com a proposta de uma Educação para Todos, alunos com necessidades educacionais especiais passaram a frequentar o ensino regular, o que vem provocando dúvidas, incertezas e desestabilizando o professor que, ao deparar com o outro “diferente”, vê-se diante de suas limitações pessoais e profissionais, levando-o, muitas vezes, a demonstrar atitudes de não aceitação deste educando. É um dos maiores desafios que se vem enfrentando na área educacional, relacionado à formação do profissional que trabalha com alunos incluídos.
Como os profissionais, que já estão em exercício e que não têm formação especializada, vêm enfrentando a realidade inclusiva? Quais as dificuldades encontradas? A trajetória de vida, escolar e acadêmica dos professores tem influenciado no modo como eles vêm lidando com a inclusão deste aluno no ensino regular? Essas são algumas das indagações que nos levam a pensar a inclusão enquanto um desafio que passa pelas interações estabelecidas entre professor e aluno, pois ambos levam para a sala de aula suas histórias de vida, permeadas de significados, valores e crenças, socialmente apreendidos.
Parece urgente lançar um novo olhar sobre a formação de professores, no intuito de resgatar as “marcas” que estes carregam, num processo de interação entre suas dimensões pessoal e profissional. Esse desafio lançado aos professores é muito grande, e inúmeros não se sentem preparados para enfrentá-lo e, por isso, talvez, ainda predominem a visão e o discurso de que o aluno com necessidades educacionais especiais deva ser atendido por profissionais especializados, em classes especiais e em salas de recursos, ficando o mesmo num jogo de “empurra-empurra”.
Os pais também exercem papel fundamental no atendimento pedagógico do aluno, pois são os familiares que ficam e se responsabilizam por essas pessoas a maior parte de suas vidas, sendo também aqueles que dão o “lastro”, o suporte para melhor trabalhar com o aluno. Mas em algumas situações, os familiares têm dificuldade em aceitar a deficiência do filho, lançando sobre o professor expectativas que podem gerar confusão de papéis, e até uma certa transferência de responsabilidades, o que acaba por frustrar ambas as partes e por dificultar o processo inclusivo.
Para que ocorram transformações, é de fundamental importância repensar a formação do professor. Ir além do suporte teórico, voltando-se, cada vez mais, para o professor como um ser unitário, constituído de trajetória pessoal e profissional e que precisa (re)construir-se diariamente, bem como melhor adaptar-se e atender às novas demandas sociais e educacionais, dentre elas, a inclusão.
|Professor de Física da rede estadual